A Química do Amor

A química explica as sensações que sentimos com o amor
Ah, o amor! Esse sentimento que transforma vidas, que traz uma explosão
de sensações como euforia, desejos, confiança, contentamento, prazer,
angústia, tristeza e tantas outras sensações que nos fazem por vezes até
mesmo agir como tolos. Quando estamos apaixonados acontecem inúmeras
explosões químicas dentro de nosso corpo. O beijo, o cheiro, o ciúme, o
carinho, a primeira relação sexual; para todos esses momentos a ciência
tem uma explicação e revelações espantosas.
O “amor” é um complexo fenômeno neurobiológico, baseado em atividades
cerebrais, que incluem principalmente certas moléculas, denominadas de hormônios.
Esse nome é de origem grega, significando “incitar”, exatamente porque
os hormônios têm a função de levar mensagens químicas, coordenando as
atividades de diferentes células em organismos multicelulares.
A química do amor ocorre em três fases principais:
- 1ª fase: Nessa fase as sensações e o desejo sexual são iniciados no corpo humano. Eles são despertados pela circulação dos hormônios sexuais, iniciada na adolescência: a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres.

Mesmo antes de encontrarmos o ser amado, quando ainda estamos
procurando um parceiro, sentimos uma necessidade de formarmos pares,
porque isso assegura a geração de descendentes e oferece um ambiente
seguro que permita ao ser gerado poder amadurecer e tornar-se capaz de
sobreviver sozinho.
- 2ª fase:
Quando então nos apaixonamos, os compostos químicos que atuam em nosso
cérebro nos fazem só pensar na pessoa amada. Veja algumas reações que
ocorrem em nosso corpo:
O cheiro
da pessoa amada é um bálsamo estimulante, quase uma droga que mexe com o
cérebro e com o corpo. Isso ocorre porque as moléculas que emanam da
pessoa vão pelo nariz e quando entram em contato com os hormônios
olfativos, a informação é transmitida para o cérebro. Nesse momento
sensações e memórias se fundem, o hipocampo registra a imagem do amado e
determinado cheiro passará a sempre estar ligado à sua imagem.

Além disso, as moléculas do cheiro também revelam várias coisas a nosso
respeito, como, por exemplo, como está a nossa saúde, hábitos,
alimentação e nossa origem. Desse modo, o cérebro pode detectar a
compatibilidade genética, ou seja, o nariz é capaz de escolher o melhor
parceiro para a reprodução, que é aquele com genes imunológicos
diferentes dos nossos, para que a próxima geração seja mais resistente a
doenças.
Outro aspecto bioquímico relacionado ao cheiro é que a pessoa nesse
estado excreta pelo cheiro substâncias químicas que permitem a
comunicação e a atração com outro ser da mesma espécie. A essas
substâncias é dado o nome de feromônios.
Os feromônios sexuais são comuns em animais e, principalmente em
insetos; sendo utilizados para atrair o parceiro para a cópula e assim
preservar a espécie através da procriação. Estudos controversos mostram
que o ser humano também emite um tipo de feromônio sexual. Mas, segundo
um levantamento feito pela revista Science de 2005, essa é uma das 125
questões ainda não respondidas pelos cientistas.
Quando vemos a pessoa amada as nossas pupilas se dilatam, o rosto fica
vermelho, os batimentos do coração aceleram, nos arrepiamos, as mãos
suam e os lábios ficam mais rosados. Isso ocorre porque o sangue corre
pelos minúsculos vasos debaixo da pele, a temperatura de nosso corpo
sobe e se produz mais noradrenalina, que é o hormônio que acelera o bater do coração.
No cérebro há uma explosão de reações causadas pelos neurotransmissores. Um deles é a dopamina,
o neurotransmissor do prazer. Ao olharmos a pessoa, mesmo que seja só
uma foto, temos uma sensação agradável, parecida com a de comer um doce,
uma comida predileta ou mesmo uma droga. A serotonina
é o hormônio que nos torna obcecados. Essas substâncias produzidas em
nosso corpo são muito parecidas com drogas do tipo anfetaminas.

Visto que liberamos mais hormônios e neurotransmissores, o nosso
comportamento é alterado, há uma desorganização em nosso cérebro, que o
faz ficar confuso, por isso ficamos com aquele ar de “patetas”,
estabanados, dizemos coisas sem sentido, interpretamos mal o que a
pessoa nos diz e damos respostas desarrazoadas.
O carinho dado pelo toque
é algo que também nos dá muito prazer, pois debaixo da pele, 1,5 milhão
de receptores registram as sensações que são transmitidas para milhares
de terminações nervosas. O contato desencadeia uma corrente elétrica
que viaja através da medula espinhal e chega ao cérebro, liberando mais endorfina. A endorfina atua no sistema límbico, que é a área do cérebro responsável pelo prazer.

Mas, infelizmente, esses sentimentos intensos não duram para sempre. Aí é que entra a última fase do amor:
- 3ª fase:
Essa é a fase de ligação, que é feita por dois hormônios que são
liberados durante a relação sexual: a oxitocina (hormônio do carinho) e a
vasopressina.
A oxitocina provoca contrações no músculo uterino e produção de leite;
aparentemente está envolvida no relacionamento entre a mãe e o bebê.

Pode parecer ao casal que o amor se esfriou porque o organismo fica
mais resistente e acostumado com a produção dos hormônios citados
anteriormente. Mas não se preocupe, isso não significa que o amor acaba
por aqui. Mas sim que um tipo diferente e mais duradouro de amor é
estabelecido, não passageiro como a “paixão”.

Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
i…
A Química do Beijo.
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Não se sabe como o ato de beijar teve início na história da humanidade, daí não se saber quem deu o primeiro beijo. Os primeiros registros históricos do beijo foram esculpidos por volta de 2.500 a.C. nas paredes dos templos de Khajuraho,
na Índia. Antropólogos acreditam que o beijo nasceu do ritual de
mastigar os alimentos antes de dá-los aos filhos, como até hoje o fazem
vários animais, como, por exemplo, os pássaros.
A química do beijo e da atração sexual vem sendo estudada há décadas e, em alguns aspectos, ainda é repleta de mistérios.
Beijo
de amigo, beijo selinho, beijo comportado, beijo romântico, beijo
sensual, beijo de lado, beijo roda-gigante, beijo aspirador de pó,
beijo roubado, beijo devolvido, beijo com pressa, beijo sem pressa,
beijo tântrico ... Quantos tipos de beijo você conhece? Provavelmente
todos. A diferente “nomenclatura” depende apenas da sua geração, da
cultura de seu país e de querer, enfim, dar “nome aos bois”.
Por exemplo, os romanos classificavam ou nomeavam os beijos em apenas três tipos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes.
No encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS),
realizado de 12 a 16 de fevereiro de 2009, um dos simpósios foi
dedicado à “Ciência do Beijo” e, entre outros assuntos, foram discutidos
a química do beijo e de prováveis feromônios de atração sexual humana.
A
antropóloga Helen Fischer da Universidade de Rutgers em Nova Jérsei
(EUA) conta que, assim como os chipanzés, 90 % das sociedades humanas
praticam o beijo e acredita-se que o ato de beijar oferece uma vantagem
evolutiva.
Segundo matéria de Chip Walter para a revista Scientific American de Janeiro de 2008 (Affairs of the Lips: Why We Kiss),
o beijo desencadeia uma cascata de eventos químicos que transmitem
sensações táteis, estímulos sexuais, sentimento de proximidade,
motivação e euforia.
Para
Fischer, o homem prefere os beijos molhados e com a língua em ação,
permitindo a transferência de maior quantidade de testosterona à
mulher. Testosterona,
todos já sabem, aumenta a libido - consequentemente melhora o humor -
feminina. O “beijo de língua” também permitiria que os homens percebam,
inconscientemente, se a mulher está em sua fase menstrual.
Testosterona
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Mas se é no “beijo molhado” que substâncias químicas são trocadas através da saliva, para os casais essa troca pode significar o fim do relacionamento ou o início de uma relação duradoura, até que o último beijo (ou a falta de) os separe.
Experiências,
no mínimo interessantes, vêm sendo conduzidas por Wendy L. Hill e seus
colaboradores no Centro de Saúde do Estudante do Lafayette College e foram descritas por Tina H. Saey em sua matéria para a Science News de 13 de fevereiro de 2009 (“Kissing Chemistry”).
Segundo
a Profa. Hill, ainda não foi comprovado, ao menos cientificamente, que
passar no teste do primeiro beijo significa passar no teste químico.
Seu grupo fez uma experiência com 15 casais heterossexuais (com
diferentes tempos de relacionamento) em que a saliva e o sangue de cada
voluntário foram analisados antes e depois do “experimento”. Nas
amostras de saliva mediu-se o cortisol (hormônio do estresse) e no
sangue os níveis de oxitocina, peptídeo neurotransmissor, também conhecido pela internet como o hormônio do amor.

Oxitocina
Pediu-se
que, durante 15 minutos, os casais: grupo a) se beijassem; ou grupo b)
dessem as mãos e conversassem. Após esse tempo recolheu-se novamente a
saliva e o sangue dos voluntários.
No
início da experiência as mulheres apresentaram níveis maiores de
oxitocina do que os homens, sendo que os níveis foram ainda maiores para
aquelas que usavam pílulas anticoncepcionais. Após o beijo o nível de
oxitocina nos homens aumentou, mas nas mulheres diminuiu. Esse
resultado foi, para Hill, inesperado e inexplicável. Aqueles que se
deram as mãos mostraram resultados similares apesar da diferença de
níveis de oxitoxicina ser menor.
O
nível do hormônio do estresse diminuiu nos dois grupos e em ambos os
sexos, com queda mais acentuada naqueles que se beijaram.
Hill
e seus colaboradores especulam que o “inesperado” nível de oxitocina
nas mulheres pode ter sido afetado pelo ambiente em que a experiência
foi realizada. Os próximos experimentos serão realizados à luz de
velas, ao som de jazz e outros cenários mais românticos na tentativa de
descobrir qual seria a influência do ambiente nas mulheres.
![]() |
Beijar é bom, mas várias doenças podem ser transmitidas pela saliva:
mononucleose infecciosa (febre do beijo), cáries dentárias, candidíase
bucal (sapinho), herpes e tuberculose. Outras doenças, como hepatite
e doenças sexualmente transmissíveis (e.g. HPV, gonorréina, sífilis),
causam contaminação pela via bucal com pouca frequência e devem ser
levadas em consideração, principalmente, quando existem lesões ou
sangramentos gengivais.
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Na entrevista para a matéria de Julie Steenhuysen da agência Reuters
(“Kissing: It really is all about chemistry”) de 14 de fevereiro, fica
claro que Fisher possui uma abordagem diferente em seus experimentos,
visto que utiliza imagens do cérebro (Imagem Funcional por Ressonância
Magnética).
O
beijo pode acessar três dos principais sistemas cerebrais usados no
acasalamento e reprodução: a atração sexual, principalmente relacionada à
testosterona; o amor romântico ou apaixonado, que motiva as pessoas a
manterem a atenção em seu parceiro; e, por último, aquele que mantém a
união durante o tempo suficiente para criarem seus filhos.
“Que é quando eu te vejo
Desperta o desejo Eu lembro do seu beijo E não paro de sonhar...
Ela só pensa em beijar
Beijar! Beijar! Beijar! E vem comigo dançar Dançar! Dançar! Dançar” |
Ela só pensa em beijar (Se ela dança eu danço)
Mc Leozinho
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Ao
fazer sexo, os níveis de dopamina no cérebro aumentam levando os
casais até a fronteira da paixão. Com o orgasmo, os casais são
surpreendidos com uma avalanche de oxitocina e vasopressina -
dando-lhes sentimentos de apego.
A
serotonina é outro neurotransmissor envolvido no amor e no desejo
sexual. O consumo de antidepressivos inibidores da sua recaptação
(ISRS) reduz os sentimentos do amor romântico e o desejo sexual.
O
beijo, diz Fisher, é apenas a ponta do iceberg do ritual químico da
“corte” humana e o mesmo ativaria a produção de diferentes substâncias
responsáveis pelos estímulos nas três regiões do cérebro.
Independente
de comprovações científicas, beijar faz bem ao corpo e ao espírito.
Beijo no rosto, beijo de selinho, primeiro beijo, beijo apaixonado.
Beijar é muito bom, e apesar de todos os benefícios e mecanismos
químicos do “beijo” ainda não terem sido comprovados cientificamente,
alguns cuidados devem ser tomados já que, comprovadamente, certas
doenças são transmitidas pela saliva (ver quadro).
Talvez
aquele “alerta” inexplicável que nos diz para não “beijar de língua”
ou não beijar novamente também seja um “alerta químico” passado ao
nosso cérebro e que ainda é desconhecido pela ciência.
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